Parceria entre performer
e a CIA PalavrAção busca dar visibilidade aos moradores de rua
A performer Maria Inês Hamann Peixoto conversou com os
participantes do Curso de Extensão de formação de atores – Módulo I – Teatro de
Comédia. Ela convidou-os para realizarem a performance “Ninguém é Ninguém”, com
o intuito de sensibilizar os curitibanos quanto a situação dos moradores de rua
da cidade. A artista visitou a sede da Cia na tarde desta sexta-feira, 1º de
setembro.
“A intensão é chamar a atenção dos transeuntes, mostrando
para eles que as pessoas viventes em situação de risco, como os moradores de
rua, não são invisíveis, como também o seu número é crescente na capital
paranaense”, explicou Maria Inês.
Além da participação do grupo do módulo I, devem atuar na
performance membros da Cia e também participantes do segundo módulo do curso de
extensão, de acordo com Sergius Ramos, diretor de produção da
PalavrAção. “Acreditamos na ação para transformar nossa realidade. E apoiaremos
a ação de todas as formas que pudermos”, salientou.
“Ninguém é ninguém” acontecerá na última semana de setembro
nas ruas próximas a Praça Zacarias, no centro de Curitiba.
A artista
Maria Inês é também professora aposentada do Setor de
Educação da UFPR. Ela possui graduação em Filosofia, pela PUC-PR, graduação em
Pedagogia pela UFPR, onde também obteve seu Mestrado em Educação. E, em 2001,
ela recebeu o título de Doutora em Educação, pela Unicamp. Como professora e
pesquisadora, Maria Inês trabalhou com os temas: Arte, Educação, Filosofia, Estética,
Marxismo.
Sob um cubo de gelo de 130 quilos, a performer se colocou
vestida de algoz e também acorrentada, sendo ela mesmo a representação da
juíza, executora e prisioneira de uma sentença. À frente da artista postada embaixo do gelo
que derretia, uma série de fotos de detalhes da instalação eram oferecidas aos
passantes com o título “Escolha e leve a parte da sentença que lhe cabe”.
Dentro do cubo, um coração de boi ia se revelando aos poucos. A intensão de
Maria Inês era dá-lo ao público, quando do derretimento total do gelo.
A performance foi motivada pelas críticas e polêmicas em
torno do 53º Salão Paranaense, realizado naquele ano, e que tinha sua abertura
marcada para o mesmo dia em que a artista montou sua instalação, 19 de
dezembro. Naquele ano, a instalação de Maria Inês, bem como de outros dois
artistas foram aprovadas para participar do salão, após uma seleção com a
participação pública, e depois desclassificadas sem justificativa.
Com “A Sentença” na rua, a artista conseguiu alcançar um
público que possivelmente não teria no MAC (Museu de Arte Contemporânea do
Paraná).
A partir dessa performance, ela realizou muitas outras ações
de sensibilização nas ruas de Curitiba e outras cidades do país. E o fruto da
reflexão das performances e da recepção do público é sua tese de doutorado “Relações
Arte, Artista e Grande Público: a prática estético-educativa numa obra aberta”.
Texto: Daniel Patire
Foto do Encontro: Nicole Micaldi
Foto da Performance "A Sentença": Acervo pessoal da artista Maria Inês Hamann Peixoto
Texto: Daniel Patire
Foto do Encontro: Nicole Micaldi
Foto da Performance "A Sentença": Acervo pessoal da artista Maria Inês Hamann Peixoto